Acusados podem perder direitos políticos
A juíza Maristella Andrade de Carvalho, de Santo Antônio da Platina, determinou o bloqueio de mais de R$ 297 mil dos bens de oito prefeitos e ex-prefeitos que presidiram a Associação dos Municípios do Norte Pioneiro (Amunorpi) desde 2010, além de outras quatro pessoas. Os valores congelados servirão para eventualmente ressarcir os cofres públicos de supostos desvios que custearam gastos da ex-secretária executiva da entidade Tânia Dib. Ela também teve bens bloqueados, além de dois contadores e da filha dela.
No caso das três ações propostas pelo Núcleo Regional de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público de Santo Antônio da Platina na Operação Cheque em Branco – apenas as primeiras, conforme a promotora Kele Cristiani Diogo Bahena –, o MP denuncia que verbas da Amunorpi teriam sido utilizadas para custear, em valores corrigidos, R$ 34,4 mil em contas particulares de Tânia Dib; quase R$ 197 mil em supermercados com produtos estranhos à finalidade da associação, como carnes nobres, bebidas alcoólicas, sabão em pó e amaciantes; e R$ 68,9 mil em vestuários comprados em lojas de alta classe e pela internet.
Nos casos, o MP denuncia Tânia e dois profissionais responsáveis pela contabilidade da Amunorp nos últimos cinco anos, além de Luiz Antônio Liechocki, ex-prefeito de Siqueira Campos; Eduí Gonçalves, ex-prefeito de Guapirama; Dartagnan Calixto Fraiz, prefeito de Ribeirão do Pinhal; Guilherme Cury Saliba Costa, prefeito de Tomazina; Dilceu Bona, ex-prefeito de São José da Boa Vista; Cláudio Revelino, ex-prefeito de Joaquim Távora; Edimar de Freitas Alboneti, prefeito de Barra do Jacaré; e Atahyde Ferreira dos Santos Júnior, prefeito de Wenceslau Braz e atual presidente da Amunorpi. O MP acusa os políticos de agirem com culpa por assinarem os cheques sem checar a finalidade dos gastos.
A entidade arrecadou em 2013 R$ 1,8 milhão. Cada prefeitura pagava uma mensalidade, mas a maior parte dos recursos vem de contratos intermediados pela entidade. Segundo a promotoria, não havia nenhum tipo de controle sobre os gastos da entidade. Nos processos, o Ministério Público pede a perda dos direitos políticos dos envolvidos e a devolução do dinheiro.
Edimar Alboneti, justificou que passava rapidamente pela Amunorpi e assinava os cheques deixados sobre sua mesa sem verificar, devido à falta de tempo e à confiança na ex-secretária. Ele vai aguardar a notificação para se manifestar sobre as ações. Os outros políticos não foram localizados.
O advogado de Tânia Dib, César de Mello Júnior, refutou as acusações e disse que não houve desvio de verbas para proveito pessoal de sua cliente. Afirmou, ainda, que os gastos com alimentação, lanches e vestimentas se destinavam a eventos promovidos pela Amunorpi. Além disso, diz que ela sempre agia sob a orientação da presidência e que era remunerada e recebia auxílio alimentação e moradia. De acordo com o atual presidente, o salário de Tânia era de cerca de R$ 12 mil.
Fonte: Web