A corrupção governa a cidade
As cidades vivem sendo governadas pela corrupção, sem dúvida nenhuma.
Quando afirmo isso sei que soa muito forte, agressivo, ofensivo talvez.
Mas é verdade.
O loteamento aprovado sem critérios custou a compra do voto na câmara de vereadores, a licença que não é aprovada por anos, para salvaguardar interesses da concorrência também custa algo aos defensores da reserva de mercado.
O plano de zoneamento da cidade, incluindo uma determinada área ou excluindo outra vai pelo mesmo caminho.
A guerra para não deixar entrar uma rede de supermercados na cidade passa por normas estabelecidas na casa legislativa, onde inconfessáveis acertos são tratados à revelia do interesse do povo.
O contorno rodoviário, que antes de ser anunciado, já compraram as terras onde passará, valorizando investimentos através de informação privilegiada.
A mudança no sentido da rua, beneficiando certo setor comercial, em detrimento de outro, também passa pelo jeitinho da corrupção.
O aluguel daquele imóvel do financiador de campanha para colocar a agencia do Procon, do Trabalho, aquela secretaria.
A venda de imóvel da prefeitura, com preços avaliados abaixo do valor de mercado, para laranjas dos gestores.
O Contrato direcionado em licitações, com manobras combinadas com o setor, onde uma empresa não concorre com a outro, combinando regiões fechadas.
O percentual da construção de um centro desportivo, pago para o “viabilizador da verba”, dentro da caixa de vinho, de sapato, sacos ou cuecas.
A ausência de investimentos numa rua, até que o sócio do prefeito compre a área.
O contrato com a clínica, direcionando pacientes preferencialmente para ela, pois o secretário de saúde tem participação no tomógrafo.
A nomeação do asspone para retirar parte do salário para azeitar o voto do vereador…
A corrupção não se dá em saques na boca do caixa somente. Ela permeia o sistema de várias formas, solapando o dinheiro e a dignidade do povo pagador de impostos.
Atrasa o progresso natural do mercado, atrapalha a geração de empregos e solapa a democracia.
A briga para governar uma cidade tem uma razão bem clara, mandar no mecanismo para ganhar dinheiro.
Quem estuda o ‘modus operandi’ da política sabe disso e não questiona minhas afirmações.
Os outros, inocentes úteis, ficarão assustados com isso, mas é a verdade.
Alterar estes elementos exige critérios na votação, mas como ter critério se você não conhece o cenário, os atores e nem o motivo da disputa?
Somente uma estratégia pode dar certo: votar em quem os dominantes odeiam.
Colocar no papel de fiscal pessoas com coragem, qualificação e que já tenham demonstrado serem antagônicos ao sistema.
Colocar uma cobra verde no celeiro.
O Vereador ideal – se é que há esse perfil entre os candidatos – é o sujeito odiado pela “turma do amém”.
É o chato, fuçador, crítico, corajoso, destemido.
É preciso identificar esse cara, avaliar sua ficha corrida, como se escolhesse um cão de guarda, não um cão guia.
Desorganizar o mecanismo exige tempo e sabedoria, mais que isso, exige coragem para sair da zona de conforto.
Mesmo achando o candidato um chato, um intragável, eleger ele para que vire a mesa do sistema, pode dar certo.
Porque não tentar?
Sir Carvalho
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