Eu fui convidado a assinar o prefácio de tão importante obra. Conta muito sobre a família Temari, a imigração dos Suábios para Guarapuava, a setenta anos, e vem com a marca de edição das jornalistas Rejane Martins Pires e Josi Costa.
O livro está em português e alemão
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Os mestres de Entre Rios
Colonizada por 500 famílias de suábios refugiados da Segunda Guerra Mundial, a Colônia de Entre Rios é conhecida por sua excelência na agricultura. Mas nem todos eram agricultores. E esta é a parte desconhecida da história
Há um silêncio audível quando se chega na colônia de Entre Rios, distante 30 quilômetros de Guarapuava. Por trás da aparente calmaria, uma história fascinante com alguns capítulos desconhecidos. Fundada em 1951 por 500 famílias de suábios refugiados da Segunda Guerra, a comunidade nasceu a partir de uma organização muito bem pensada.
Primeiro, pela divisão espacial. Com o auxílio da Ajuda Suíça para a Europa (Schweizer Europahilfe) e dos governos do Brasil e do Paraná, foram adquiridos 22 mil hectares de terra para abrigar as famílias. As cinco vilas, distantes aproximadamente cinco quilômetros uma da outra, mantiveram o nome das antigas fazendas: Vitória, Cachoeira, Jordãozinho, Samambaia e Socorro.
A fundação da Cooperativa Agrária um pouco antes da chegada dos primeiros europeus também fez parte desta estratégia. A cooperativa deu o suporte necessário para que os agricultores começassem a cultivar a terra, especialmente o plantio do trigo e cevada. Mas não é só isso.
A comissão colonizadora liderada pelo engenheiro Michael Moor e pelo seu futuro sucessor, o suíço-francês René Bertholet, pensou em tudo. Tudo mesmo. Antes de optar pelos Campos Gerais, cogitaram instalar as famílias em Goiás. Recuaram. A escolha da área em Guarapuava levou em conta a altitude superior a mil metros, o clima ameno com estações bem definidas, a condição hidrográfica (a colônia fica entre os rios Jordão e Pinhão), a grande oferta de madeira para construir as casas e as terras adequadas à mecanização.
Definidas as áreas, a divisão. Havia critérios também na distribuição das terras. Além de um terreno de 5 mil m² e outra área de 10 mil m² para cultivo próximo à moradia, os agricultores tinham direito a alguns hectares a mais, conforme o número de filhos homens. Algo entre 12 e 20 hectares. Ao contrário do que se pensa, nem todos que vieram eram agricultores. E esta é a parte desconhecida da história.
O sucesso de Entre Rios deve-se muito à genialidade de Michel Moor, que escolheu a dedo cem “mestres” para compor a colônia. À época, Moor vislumbrou o seguinte cenário: a comunidade, distante de grandes centros e com estradas precárias, só ia prosperar se fosse autossuficiente. Por isso, os mestres, a exemplo do sapateiro, do mecânico, do metalúrgico, do eletricista, do ferreiro, do carpinteiro e do marceneiro. Foram eles que deram todo o suporte aos agricultores. “Os mestres sempre foram esquecidos, mas sem eles Entre Rios não teria prosperado da forma como prosperou”, explica Gerhard Temari, filho do mestre sapateiro Jakob Temari. “Quando uma máquina quebrava, por exemplo, não era preciso ir à cidade. Tudo se resolvia aqui”, conta.
Da fabricação das casas à perfuração de poços e construção de fornos coletivos, lá estavam os mestres. Pelas mãos deles, nasceram também as escolas, as igrejas, os espaços de lazer para a juventude, a biblioteca e até um hospital. Enquanto os agricultores lavravam a terra, os mestres trabalhavam em suas pequenas obras. Todos sob a égide da Agrária.
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