É caso de internação ou prisão
Entro na cidade, com endereço certo, campeio o local, pergunto no posto de gasolina, para o servente, encontro o rumo e me afinco.
Vou cortando estrada, viela, carreador e dou com a cara no crime ambiental, no lixão da cidade. Nem o diabo quer enfrentar o calor de trinta graus, o fedor e as moscas. O caldo negro escorrendo pelas encostas. Pedaços da sociedade, dos politicamente corretos. Dos que beijam cães e gatos e escarram na realidade.
Eu, suando por todos os poros, fotografando, um olho na paisagem do Apocalipse e outro na nuca. Lixão é terra de ninguém, o perigo existe para quem combate a corrupção.
Fotos e fatos na mente, volteio a direção, vou em busca de papéis, no setor de licitação, na prefeitura, vou dar asas a minha parcela de mestre, vou ensinar quem quiser aprender, orientar, fazer catecismo de gente pagão.
Lá pelas tantas, cansado, suado, garganta seca, no alto da minha escasa energia, sem faltar convicção, surge a figura de um vereador. Espaçoso, sorrindo como uma hiena, se junta ao grupo que me ouve. Nem se acanha, como se ele nada tivesse com o caso, assiste.
É de dar nojo, vou te contar, não vale o que o meu cavalo despeja pelo campo, é um parasita que o povo deu poder e benesses.
O lixo que analiso não saiu das minhas entranhas, não é meu o resultado, é do vereador, do prefeito, do secretário, da madame, do peão, da criança e até do aposentado.
Eu sei, já expliquei na sala da licitação, já deixei uma indagação, é hora de, solitário, percorrer quilômetros nas estradas desta vida, na missão.
E o verme, o parasita, vai sugando a seiva da sociedade, sem fazer vistas dos crimes, é assassino por omissão!
Sir Carvalho