O mandato é do povo, dentro das prerrogativas do cargo
Quando você elege um representante para cargo público, está elegendo alguém para agir em seu nome.
Está elegendo alguém para defender seus valores morais, éticos e seu modo de pensar o país, o estado e a cidade. Tudo dentro das prerrogativas do cargo que ocupa.
Se prefeito, o representante deverá reunir condições técnicas de um bom administrador, saber manejar orçamento, escolher equipe técnica capaz de definir planejamento e valorizar os talentos humanos disponíveis, gerenciar conflitos, priorizar as frentes de trabalho mais importantes, ter visão de longo prazo e não permitir desvios. Não é um fantoche de ocasião, um improvisador. Tem que saber de gestão pública. Não basta ser bondoso e as vezes, tem que saber te dizer não.
Se vereador, ele tem que balizar sua conduta como um guardião. Ter visão sistêmica da cidade, entender de código de postura, planejamento urbano, legislação, orçamento, compras públicas, gestão de pessoas e – muito importante – entender de fiscalização.
O cargo não exige especialização. Não pode por exemplo, cuidar da saúde, ensino, esporte.
Pois se agir assim, estará “fatiando” o resultado, agindo como despachante, exercendo a função como se fosse um cabo de guerra, emperrando a discussão.
A função especialista fica por conta dos movimentos sociais, que advogam causas, defendem bandeiras, apresentam pautas para o parlamento discutir e depois votar. Então, no plenário da Câmara, pautas definidas e defendidas por movimentos sociais serão – e precisam – ser debatidas, votadas por todos. Daí que, eleger especialistas em “bandeiras”, pode ser um erro.
Para a sociedade, é mais importante uma câmara qualificada tecnicamente, que uma sensível em percepção de gente.
É ela que baliza a aplicação dos recursos, que norteia na lei, o orçamento. É ela que fiscaliza a aplicação, julga os atos do gestor, guarda o seu dinheiro e planeja o funcionamento das futuras gerações.
Quando você elege um assistencialista por exemplo, por ele não possuir a caneta da Gestão e no seu afã de assistir, vai “negociar” com o prefeito, vai barganhar e vira dependente do executivo. Não prestando mais para a função, não exercerá as prerrogativas do cargo, torna-se um bibelô de ocasião, não trabalha mais para todos, atende só os seus apaniguados. Torna-se instrumento do populismo, deixando sua função.
O eleitor é induzido a acreditar que está elegendo um despachante assistencialista na Câmara, um igual, que por ele tudo falará.
Mas isso é um erro grave, é colocar um refém nas mãos de quem tem a caneta, é deixar manco o parlamento, é enviesar a gestão.
Você deve falar por si, participar dos movimentos sociais que pensam como você, construindo pautas, defendendo bandeiras.
Não é o vereador que tem essa função.
O mandato é do povo, mas dentro das prerrogativas do cargo.
Se você não sabe as prerrogativas e se eleger quem não sabe, nem você, nem ninguém terá a verdadeira gestão!
Sir Carvalho
26/09/2020